sexta-feira, 20 de abril de 2007

' António Gedeão '


Pedra filosofal
Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso,
em serenos sobressaltos
como estes pinheiros altos
que em verde e ouro se agitam
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.
Eles não sabem que o sonho é vinho, é espuma. é fermento,
bichinho alacre e sedento.de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudonum perpétuo movimento.
Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,base, fuste, capitel.
arco em ogiva, vitral, pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,máscara grega, magia,que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,rosa dos ventos, Infante, caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,ouro, canela, marfim, florete de espadachim, bastidor,
passo de dança.
Colombina e Arlequim, passarola voadora, para-raios, locomotiva, barco de proa festiva, alto-forno, geradora, cisão do átomo, radar, ultra som televisão
desembarque em foguetão na superfície lunar.
Eles não sabem, nem sonham, que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança.

2 comentários:

Anónimo disse...

Sempre belas e mágicas as tuas palavras...
Já tinha saudades de passar por aqui, mas o tempo tem vencido a corrida que ando a travar com ele.

Beijos

Gonçalo disse...

Sonho não digo, mas um dos meus desejos concretizou-se: conheci-te pessoalmente neste último fim-de-semana e a minha amizade e admiração cresceu ainda mais por ti:)
A primeira pedra da nossa amizade está lançada e será lapidada para que mais desejos se concretizem numa relação de grande amizade:)
Aquele abraço;)